quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Texto apresentado ao CEFET-BA como requisito para avaliação na prova da disciplina de Língua Portuguesa


O Avesso pode ser Reverso

Em meio a tanta mediocridade nas relações humanas, prezamos por um dia que chegaremos a algum lugar menos deprimente. Como se não bastasse tanta banalidade, o preconceito contra a expressão de desejos toma conta cada vez mais dos episódios de nossa vida, reprimindo e acoitando os reais sentimentos das pessoas, que se vêem manipuladas por simplesmente serem “diferentes”.

Enunciados como “ (...) O desejo a nos punir, só porque somos iguais/ A Idade Média é aqui “ evidenciado na música “Avesso” de Jorge Vercilo, mostra o quanto nossa sociedade é preconceituosa perante relações humanísticas, dentre elas a homossexualidade. Nesta música, dotando de metáforas e Romantismo, o eu-lírico exprime seu sentimento por uma pessoa do mesmo sexo, mas deixa claro que o empecilho para o seu amor é o pai do amado, o visinho, a tia, enfim, a Sociedade.

Mas por que tantos impasses a essa questão, se a relação homossexual tem em todo lugar, como no seu prédio, na sua rua, na sua cidade, ou até mesmo em sua casa? O que ocorre é um julgamento do outro sem se colocar no lugar, ver sobre outros prismas. É fácil eu apontar o outro, me esconder atrás das opiniões de outras pessoas, para expressar o que realmente se sente, preconceito.

Isso tudo causa uma tremenda “doença” nas pessoas que se sentem condenadas pelos julgamentos preconceituosos. “Ora, se está todo mundo contra, por que mostrarei meu sentimento por uma pessoa do mesmo sexo? Para se condenado também”. É esse tipo de atitude que muitos tomam para não serem discriminados, tornando destas pessoas infelizes por não poderem assumir o desejo que realmente sentem, como pode ser observado no texto “Encontro Marcado” de Josiane Soares.

Nos dois textos antes mencionados, pode-se evidenciar uma justificativa para o “acoitamento” dos homossexuais em relação a seus sentimentos. No envolvimento com outras pessoas do mesmo sexo, estas, em detrimento da Idade Média na qual vivemos, ficam sujeitas a diversos insultos, “mexericos” que faz com que estas desanimem. Mas em contraposição muitos não se redimem e ousam, como no trecho “(...) Quanto tempo levar, quero saber se você é tão forte que nem lá no fundo irá desejar” da música “Avesso”, que demonstra uma evocação do eu-lírico ao seu amado, na qual ele lhe pergunta até quando ele irá resistir a esse amor, devido as imposições, o que pode ser considerado uma exemplo da nossa realidade.

O que se pode perceber nessa relação toda, é que não há um respeito entre as pessoas, mesmo estas sabendo que não são tão perfeitas para julgar o próximo. Há uma superposição de valores, na qual alguns são estipulados bons, aceitáveis, e outros são tratados como medíocres. Mas o que existe na verdade são pessoas, e valores é construção destas, podendo ser mudados a qualquer momento. Se somos nós que fazemos da nossa sociedade o que ela é, só nós podemos mudá-la. É difícil é, mas não podemos nos “encolher” no canto e simplesmente fazer aceitar as imposições. Devemos desafiar, pois se não tivermos um encontro marcado com a realidade, continuaremos a ser considerados o Avesso da sociedade.

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