sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Narração produzida tendo como mote o quadro "A vida" de Palo Picasso


As circunstâncias da vida nos fazem cometer tremendos erros em busca da felicidade


Em Vila Rica, cidade do interior de Macambira reside Lara. Menina de olhos negros e corpo desejado. Costuma ir de casa para escola e da escola para casa; sempre taxada como uma menina “certinha”.
Prefere estar em qualquer lugar, menos em casa durante a noite, hora em que seu padrasto chega do trabalho. Seu irmão, que a odeia está sempre na “balada”. Só pensa em curtir a vida. Trabalhar e estudar nem pensar.
Marieta sua mãe, se dedica integralmente à casa e ao sobrinho. Marieta é uma pessoa incompreensível e anti-social. Sempre que questionada, responde com quatro pedras na mão, e como se não bastasse, briga frequentemente com seu marido.
Lara tem que agüentar tudo isso diariamente, sem ao menos poder desabafar com sua mãe, que sempre a repreende. O jeito é recorrer a Nice e Pedro, seus melhores amigos de escola.
No dia 27 de Agosto, está em seu quarto fazendo lições de Física, quando alguém bate à porta. Já é tarde, e ela pergunta:
- Quem é?
- Sou eu Lara, abre aqui!
Ela abre a porta pensando que é seu irmão, mas surpreende-se, é seu padrasto.
- Oi linda, como vocês está? Vim te ver.
Surpreendida, fica sem palavras e não responde a indagação. Isso porque seu padrasto não era como os outros. Era um verdadeiro canalha, que sempre que podia, tentava abusa - lá sexualmente. E desta vez não foi diferente, ele tentou pegá-la à força!
A sorte de Lara é que tinha um abajur ao lado de sua cama, que ela usou para se defender.
No dia seguinte, Lara horrorizada, desabafa com seus colegas, que sempre a aconselhava contar tudo a sua família. Mas ela discorda, teme que todos não acreditem nela e a repreendam.
Alguns meses depois do acontecido, Lara fica sozinha em casa. Todos foram para uma confraternização na cidade. Ela pensa em ir à casa de Nice, porém desiste e resolve estudar um pouco. Para sua desgraça, depois de alguns minutos, ouve o barulho da chave trancando a porta do quarto. Ao virar-se, depara-se com seu padrasto, somente de cueca, sorrindo.

- Oi linda, vim te ver mais uma vez! [risadas sarcásticas]
- Me deixe em paz, vou gritar! me deixe!
- Nossa quanta raiva Lara. Por que você me trata assim, eu te trato tão bem! [irônico]

Desta vez ela não teve como se defender e aconteceu o que jamais poderia ter acontecido. Lara foi molestada como um cachorro.
No decorrer dos fatos, João, seu padrasto, a fez inúmera juras de amor. Ilude a pobre menina o máximo possível. Ela resiste, mas não consegue se defender e é tocada e abusada por um longo tempo. Mas para surpresa de João, a mãe e o irmão de Lara chegam.
Marieta e Carvalho (o irmão da menina) adentram na casa. João desesperado, fala para Lara arrumar-se rapidamente. A ameaça para que não diga o que acontecera, alegando que mataria toda sua família, caso contrário.
A mãe de Lara entra no quarto e vê João e a menina. Ela toda despida e ele parcialmente. Marieta chocada pergunta o que está acontecendo ali. João responde que pode explicar tudo.
Antes mesmo que continuasse Carvalho entra no quarto e vê a irmã naquele estado. Sem pensar, avança sobre o padrasto. Os dois começam a se agredir quebrando tudo dentro de casa.
Lara em um momento desesperado fala:

- Carvalho! Pare com isso! Você nunca ligou para mim, sempre me enxotou, me humilhou. E agora quer dá uma de irmãozão? Chega estou cansada!!!

Sua mãe interfere dizendo que ela está sendo injusta, que seu irmão está querendo protegê-la. Mas Lara não entende e continua:

- Você é outra, nunca ligou pra mim, sempre que te perguntava sobre algum assunto, sempre que desejava compartilhar minhas experiências com você, era retraída. Agora você vem dizer que eu estou errada. Chega, estou farta de tudo isso, sabe o que eu vou fazer? Vou sumir no mundo com meu amor, João.

Quando ela disse isso todos se espantaram. Seu irmão disse que estava louca, que estava estragando a sua vida, estava iludida. Sua mãe pediu encarecidamente para que não fizesse aquilo, mas ela decidida, e já se despedindo disse:

- Eu vou, e não é porque amo o João. Vou porque estou farta dessa vida, aliás, eu não vivo. Tomei essa decisão porque João é o único que apesar de tudo, me dá um pouco de atenção. Se ao invés de vocês me criticarem, tivessem feito um elogio que seja eu não estaria nessa situação hoje. Portanto vou sim, mesmo sabendo que posso me arrepender amargamente pelo que estou fazendo, mas pelo menos estou tentando me sobressair dessa vida miserável. Vocês não vivem e nem deixam o próximo viver também. Então, diante disso, desejo-lhes felicidades e quem sabe um dia voltarei aqui para visitá-los, tchau!

E dessa forma, a história termina, com sua mãe horrorizada com o sobrinho nos braços. Carvalho agachado no chão, inconformado. Lara nos braços de João, que por sua vez vangloria a conquista de uma moçinha inocente. Porém, mais tarde perceberá que de inocente, Lara não tem nada.

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