domingo, 21 de setembro de 2008

O campo minado do preconceito

Lennon Pereira

O preconceito contra a mulher é um processo que se vem desenrolando há vários séculos. Se pararmos para refletir, desde a idade Média a mulher vem sendo hierarquicamente “submissa” ao homem, seja nos simples afazeres domésticos ou no trabalho fora de casa. Na Revolução Industrial do século XIII, por exemplo, é possível observar o quanto este sexo sofreu imposições e sanções de direitos, sem ao menos poderem reclamar e se posicionar diante destas, o que hoje, se pararmos para analisar minuciosamente, perceberemos que tal situação não é tão incomum na nossa realidade.

Na pós-modernidade em que vivemos, especula-se que estamos “evoluindo” cada vez mais. Mas será mesmo? No livro “preconceito com a mulher”, de Sandra Azeredo, pode-se observar que o ser mulher se tornou um objeto modelável para os homens, na qual, com a ditadura da beleza, se utilizam da imagem destas para alimentar os princípios capitalistas que regem nossas relações comerciais. Deste modo, há uma inversão de valores, na qual se emprega o conceito do desejo, cujo faz com que as próprias mulheres modifiquem o seu corpo em busca de um “ideal” que a mídia estipula, com intuito de serem aceitas por uma sociedade que a cada dia torna-se extremamente padronizada.


Contudo, pode-se destacar também a supervalorização do homem em relação à mulher no ramo do trabalho, na qual os “machos” ganham relativamente mais que as mulheres, sendo que os cargos de trabalho são os mesmos. Nas próprias relações conjugais pode-se ver essa desigualdade, cujo sexo masculino se vangloria economicamente perante os feitos domésticos das esposas. Mas em contra partida, sequer lavam seus pertences íntimos, como retrata o texto de Elisa Lucinda, “Aviso da lua que mênstrua”.

Assim, pode-se observar um enorme paradoxo, pois, ao mesmo tempo em que o homem se sobressai as mulheres, há uma íntima relação de dependência entre estes. Mas por que essa divergência e autoridade do sexo masculino, sendo que, mesmo que não queiram, dependem “delas”?

Há o que se pensar sobre a formação que temos desde que nos apropriamos dos primeiros instrumentos de entretenimento. Quando mamãe compra boneca pra sua filha e papai bolas de futebol pra seus filhos, estão intuitivamente demonstrando a estes que existem diferenças entre os sexos. Mas por que necessariamente o garoto tem que brincar de bola e a garotinha de cozinhar? Quem determina isso? Por que não pode ser o inverso?

No fórum do sexólogo Marcos Ribeiro, pode-se observar várias manifestações acerca desta temática. Um pai, por exemplo, deixa claro que seus filhos não brincam de boneca, pois isso os torna homossexuais. Esse discurso é de enorme insiguinificância, pois como o próprio sexólogo explica, essas experiências só enriquece suas visões de mundo, e o garoto ou garota que não tem esse contato, tem suas curiosidades despertadas, e isso sim influirá na escolha sexual deste indivíduo quando crescer.

Deste modo, é possível perceber que o preconceito é uma construção que se desenvolve desde quando o ser é pequeno, na qual os pequenos atos em seu meio de formação influem na sua maneira de pensar o mundo. Contudo, a o que se refletir sobre a influencia do meio em que vivemos cuja própria sociedade exerce sobre nossos pensamentos uma influência que muitas vezes nos tornam “cegos”.


De forma geral, precisamos analisar os valores que estamos tomando como base para nossas relações humanísticas. Quando deparamos com situações de extremo preconceito como músicas que agridem a imagem da mulher, nos omitimos! Isso é um problema, pois muitas vezes tomamos isso como natural. Uma mulher fazendo propaganda parcialmente pelada é normal! Mas quando esta trabalha como motorista, por exemplo, não é tão normal assim, por quê?

Precisamos no libertar das imposições que nos prendem a pensamentos pequenos, que nos remetem a ideologias e atitudes remotas, pois se não conseguimos formar nossas próprias opiniões, continuaremos a reproduzir o que os outros fazem e conseqüentemente, disseminarmos ao invés de combater o preconceito que está tão presente em nosso cotidiano.

Nenhum comentário: